“Desde o 11 de setembro de 2001 que o mundo não tem sido original. Não
que eu deseje que atentados dessa magnitude se repitam: já bastam os
homens-bomba, que viraram rotina. É só um desabafo: hoje, os absurdos
se sucedem em escala industrial e os fatos novos são como mariposas,
nascem e morrem no mesmo dia”. (Martha Medeiros, ZH 12.05.10)
Roupas são simplesmente artigos para quem não precisa fazer uso
delas. Não tem nenhum significado para além do valor mercadológico (do
quanto custam). Se não valem mais nada, porque não servirem ao lixo?
A imagem de um monte de roupas depositadas no lixão em Passo Fundo
revela faces da crueldade humana que já fazem parte de nossa
humanidade. A imagem impressiona tanto porque ela lembra outra imagem:
a de crianças, jovens e velhos, em dias de frio, passando frio por não
terem roupas suficientes para se aquecer em nosso rigoroso inverno.
Surge, então, a mais intrigante pergunta: o que é que motivou alguma
pessoa a decidir que estas roupas, ao invés de servir para agasalhar,
tivessem o destino de um lixão?
Uma das razões talvez seja a de que estamos desaprendendo
solidariedade. Ser solidário não é desfazer-se de coisas que a gente
não deseja mais para oferecê-las aos outros. Ser solidário não é,
muito menos, livrar os guarda-roupas das roupas e sapatos velhos. Ser
solidário, verdadeiramente, é dar algo de si para os outros, sem
esperar nada em troca. É ser capaz de doar um pouco do que temos para
alguém que pouco ou nada tem. É compadecer-se do sofrimento alheio,
fazendo sempre uma ação que possa, efetivamente, aliviar o sofrimento
dos outros.
Pois, talvez, as roupas encontradas no lixão...
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