Pensar sobre a violência escolar no Brasil e suas
implicações com o currículo é admitir desde já a fragilidade teórica com
que se tem enfrentado os dilemas de tal temática. A violência escolar
se tornou uma síntese confusa de ‘ódios de classe’, ‘conflitos entre
desajustados e a ordem social’ e um prato cheio para determinadas
veiculações midiáticas que se deleitam com a mercantilização da
tragédia. Em outras palavras, a naturalização da violência estaria
associada às classes sociais menos privilegiadas. Contudo, como bem
assinalam Pablo Gentili e Chico Alencar ninguém nasce bandido ou santo; o
ser humano é uma possibilidade. E ao se referirem à filósofa alemã
Hannah Arendt, dão eco a uma síntese primorosa desta pensadora: “o ato
educativo resume-se em humanizar o ser humano”.
Parece-nos razoável, portanto, partir dessa
indagação: como responder ao fenômeno histórico da ‘violência’ sem levar
em conta os valores da ‘lógica do capital’? Ora, quando a violência
estrutural é compreendida simploriamente como um embate entre
‘marginais’ e ‘estabelecidos’ há um risco em se reforçar um ideário
fascista numa sociedade conhecidamente eivada de desigualdades
econômicas. As discussões sobre a diminuição da maioridade penal e as
afirmativas do aparato repressor estatal de que o ‘mal precisa ser
destruído no nascedouro’, revelam um profundo mal-estar da condição
humana.
É sabido que a formação do Estado brasileiro é atravessada por...
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