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APRENDA A TER UM INFARTO FELIZ!



ISSO MAIS PARECE SER AMIGO DA ONÇA, MAS É A MAIS PURA VERDADE! INFELIZMENTE...

MAS SERÁ QUE VC QUER TER UM?

DOZE CONSELHOS
PARA TER UM INFARTO FELIZ !!!
Dr. Ernesto Artur - Cardiologista

Quando publiquei estes conselhos 'amigos-da-onça' em meu site, recebi uma enxurrada de e-mails, até mesmo do exterior, dizendo que isto lhes serviu de alerta, pois muitos estavam adotando esse tipo de vida inconscientemente.

1. Cuide de seu trabalho antes de tudo.  As necessidades pessoais e familiares são secundárias.

2 Trabalhe aos sábados o dia inteiro e, se puder também aos domingos.

3. Se não puder permanecer no escritório à noite, leve trabalho para casa e trabalhe até tarde.

4. Ao invés de dizer não, diga sempre sim a tudo que lhe solicitarem.

5. Procure fazer parte de todas as comissões, comitês, diretorias, conselhos e aceite todos os convites para conferências, seminários, encontros, reuniões, simpósios etc.

6. Não se dê ao luxo de um café da manhã ou uma refeição tranqüila. Pelo contrário, não perca tempo e aproveite o horário das refeições para fechar negócios ou fazer reuniões importantes..

7. Não perca tempo fazendo ginástica, nadando, pescando, jogando bola ou tênis. Afinal, tempo é dinheiro.

8. Nunca tire férias, você não precisa disso. Lembre-se que você é de ferro. (e ferro , enferruja!!. .rs)

9. Centralize todo o trabalho em você, controle e examine tudo para ver se nada está errado.. Delegar é pura bobagem; é tudo com você mesmo.

10. Se sentir que está perdendo o ritmo, o fôlego e pintar aquela dor de estômago, tome logo estimulantes, energéticos e anti-ácidos. Eles vão te deixar tinindo.


11. Se tiver dificuldades em dormir não perca tempo: tome calmantes e sedativos de todos os tipos. Agem rápido e são baratos.

12. E por último, o mais importante: não se permita ter momentos de oração, meditação, audição de uma boa música e reflexão sobre sua vida. Isto é para crédulos e tolos sensíveis.

Repita para si: Eu não perco tempo com bobagens.
Duvido que voce não tenha um belo infarto se seguir os conselhos acima!!!

IMPORTANTE:

OS ATAQUES DE CORAÇÃO

Uma nota importante sobre os ataques cardíacos..
Há outros sintomas de ataques cardíacos, além da dor no braço esquerdo(direito). Há também, como sintomas vulgares, uma dor intensa no queixo, assim como náuseas e suores abundantes.

Pode-se não sentir nunca uma primeira dor no peito, durante um ataque cardíaco. 60% das pessoas que tiveram um ataque cardíaco enquanto dormiam, não se levantaram... Mas a dor no peito, pode acordá-lo dum sono profundo.

Se assim for, dissolva imediatamente duas Aspirinas na boca e engula-as com um bocadinho de água. Ligue para Emergência (192, 193 ou 190) e diga ''ataque cardíaco'' e que tomou 2 Aspirinas. Sente-se  numa cadeira ou sofá e force uma tosse, sim forçar a tosse pois ela fará o coração pegar no tranco; tussa de dois em dois segundos, até chegar o socorro.. NÃO SE DEITE !!!!

Um cardiologista disse que, se cada pessoa que receber este e-mail, o enviar a 10 pessoas, pode ter a certeza de que se salvará pelo menos uma vida !

REPASSE, NÃO DÓI NADA!!!!!!!!


Fernando Cruz

As Atividades de Limpeza Urbana e Educação Ambiental realizadas em Belo Horizonte e Seus Reflexos na Atividade Turística

IV SeminTUR – Seminário de Pesquisa em Turismo do MERCOSUL
Universidade de Caxias do Sul – Mestrado em Turismo
Caxias do Sul, RS, Brasil – 7 e 8 de julho de 2006

As Atividades de Limpeza Urbana e Educação Ambiental realizadas  em Belo Horizonte e Seus Reflexos na Atividade Turística[1]
Daniel Braga Hübner[2] – CEFET-MG / UNA-MG
Bruno Alves Ramos[3] – UNA-MG

Resumo

Este trabalho analisa as ações em prol do tratamento adequado do lixo adotadas pelo setor público, ONG´s e iniciativa privada da cidade de Belo Horizonte - MG. As intervenções de conscientização e educação ambiental praticadas por estes agentes a respeito da importância da coleta, tratamento e reaproveitamento de detritos também são abordadas nesta análise. Apresenta também considerações sobre a necessidade de um adequado tratamento do lixo e seus reflexos na atividade turística. Analisa projetos de Educação Ambiental desenvolvidos em Belo Horizonte.
Palavras-chave: Limpeza Urbana; Educação Ambiental; Turismo; Belo Horizonte.

1.  Introdução

A necessidade de aprimorar o planejamento da limpeza urbana que englobe a coleta de lixo, a varrição e um tratamento adequado dos resíduos sólidos é uma situação preocupante, atingindo diretamente não só o bem-estar da população, mas, conseqüentemente, a atividade turística.
Projetos de educação ambiental que envolvam eficazmente a população, visando o reaproveitamento de materiais (orgânicos ou não) e/ou sua reciclagem, se tornam imprescindíveis nas gestões públicas. A análise do lixo como problema social/ambiental pode produzir caminhos ou pelo menos apontar direções para uma melhoria da qualidade de vida da população em geral, principalmente às pessoas ligadas direta e informalmente com o manuseio do lixo.
Inicialmente, analisamos as ações e projetos desenvolvidos pela Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte, entidade autárquica criada em 1973. Em seguida, foram abordados projetos de educação ambiental e limpeza urbana realizados por ONG´s e empresas privadas desta cidade. Finalmente, elaboramos um exame epistemológico a respeito da limpeza urbana e sua relação e implicação com a atividade turística da cidade de Belo Horizonte – MG.
Diante da falta de estudos a respeito de projetos de limpeza urbana, educação ambiental e
suas implicações no bem estar social, e, conseqüentemente, na atividade turística, esta pesquisa lograr-se-á de extrema importância em nossa literatura, contribuindo com o aprofundamento dos estudos dessa temática, relevante e atual.

2.  A atuação da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) de Belo Horizonte

A Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) é uma entidade autárquica da Prefeitura municipal de Belo Horizonte, que surgiu em meados de 1973 pelo plano Diretor de Limpeza Urbana de Belo Horizonte4.
Incumbida de planejar, fiscalizar, explorar e executar os serviços de varrição, capina, coleta, transporte, tratamento, transformação do lixo e a comercialização de seus produtos e subprodutos, a autarquia elaborou trabalhos práticos de implantação, operação e controle da produção diária de lixo, além de desenvolver uma eficiente educação ambiental abrangendo pessoas direta ou indiretamente ligadas à questão da limpeza urbana, objetivando buscar soluções sanitárias viáveis ao iminente crescimento urbano.
Em novembro de 1984, a SLU reuniu os proprietários de depósitos de papéis para discutir formas de ação integrada e normas a serem adotadas para regulamentar a ação dos catadores de papéis que faziam a triagem de materiais recolhidos nas ruas da cidade.
41 BELO HORIZONTE, Lei Orgânica Municipal no. 2.220, de 27 de agosto de 1973.
Implementada em 1990 pela SLU, a coleta seletiva[4] desenvolveu-se através de uma parceria com os catadores de papel. Na época foi criada uma associação de catadores de papel, dando início a uma inclusão social na questão dos resíduos sólidos, bem como o desenvolvimento de campanhas educativas em escolas e propostas de programas setoriais. Um destaque pelo alcance sócio-ambiental da SLU foi a criação do Projeto Tzedaká, cujo objetivo foi buscar o desenvolvimento de produtos gráficos e ecológicos. O projeto permitiu a implantação de uma unidade produtiva de papel artesanal dentro de padrões e normas ambientais, sem perder sua característica artesanal.
Atualmente o projeto tem-se preocupado essencialmente com a educação e formação integral dos adolescentes aprendizes, possibilitando a construção de projetos de vida sólidos e um fortalecimento da identidade cultural, individual e coletiva de cada um.
Com relação à destinação final do lixo coletado na cidade, preocupada em aderir ao princípio de preservação do meio ambiente, a SLU implantou aterros celulares associados à biorremediação, técnica que permite o prolongamento da vida útil do aterro. Implantou também um programa de controle ambiental que inclui o tratamento do chorume, formação de cinturão verde, urbanização e paisagismo.
Encontra-se dentro do aterro a Unidade de Educação Ambiental, um espaço interativo para a realização de atividades educacionais focadas na limpeza urbana. Estas visam despertar no público a busca coletiva de soluções para o problema do lixo, além de estimular sua participação nos programas e práticas educativas de reutilização e reciclagem.
Variados eventos educativos e campanhas de mobilização também são desenvolvidos pela SLU, como a campanha BH Mais Limpa, Dia Mundial do Meio Ambiente, dentre outros, onde a população é abordada em espaços púbicos e informada sobre a preservação do meio ambiente.
É importante ressaltar que as estratégias adotadas pela SLU para alcançar o resultado almejado em suas ações frente à comunidade são realizadas com trabalhos educativos administrados por agentes da limpeza urbana, através de palestras, jogos, campanhas, anúncios e informações variadas.
As diversas práticas de ensino realizadas pela SLU buscam o aprendizado e a conscientização de crianças, jovens e adultos residentes ou temporariamente presentes na cidade, além de procurar também um crescimento paralelo e sustentável entre a urbanização e a eficiência nos serviços de limpeza urbana.
Neste sentido, pode-se afirmar que a SLU desempenha um importante papel na limpeza urbana de Belo Horizonte, buscando uma abrangente educação ambiental e proporcionando a geração de renda e a inclusão social.

3.  Outras atuações do poder público, Ong´s e empresas privadas

A Prefeitura de Belo Horizonte mantém outras ações na área de meio ambiente que não estão vinculadas à atuação da SLU. Uma interessante ação do poder público municipal foi a criação do Parque Promotor Francisco José Lins do Rego Santos, mais conhecido como Parque Ecológico da Pampulha. O Parque foi criado em uma área onde anteriormente funcionava como depósito clandestino de lixo, às margens da Lagoa da Pampulha.
Antes da criação do Parque, existiam entulhos de construções, pneus, latas, garrafas e outros materiais ali depositados irregularmente. Formou-se uma ilha de detritos, poluição e degradação. A água de um córrego que por ali passa estava contaminada, e o mau cheiro era constante.
O projeto de construção deste parque foi assinado pelo famoso arquiteto Oscar Niemeyer, responsável também pelo projeto arquitetônico da orla da Lagoa, visando manter a harmonia arquitetônica das edificações que estruturam a sede administrativa do parque.
Atualmente a visitação ocorre de terça-feira a domingo, sendo que de terça a quinta-feira o local só recebe visitas agendadas, limitadas a 200 pessoas/dia. De sexta-feira a domingo não há limite do número de visitantes, e o local chega a receber mais de 10.000 pessoas em um único dia. Em seu interior, há uma área restrita, monitorada por funcionários que impedem a passagem das pessoas, devido à presença de animais selvagens como Capivaras, Serpentes e Jacarés.
A transformação da área em um espaço público de lazer proporcionou uma nova opção à população de Belo Horizonte. Isto porque nesta região encontram-se outros atrativos como o zoológico municipal, praças, museus, igrejas, ciclovias e pistas para caminhadas. O Parque Ecológico atualmente é administrado pela Fundação Zôo-Botânica, uma ONG que também se responsabiliza pelo zoológico municipal.
A preocupação com o meio ambiente não se dá apenas pelo poder público. Várias outras iniciativas são realizadas na cidade. A ASMARE, uma associação de catadores de papel de Belo Horizonte, trabalha com a reciclagem de materiais jogados no lixo. Uma de suas práticas é o ensino de técnicas de produção de variados objetos artesanais aos seus associados.
 Além disso, a associação possui uma loja onde são vendidos seus diversos produtos feitos com a reutilização do lixo. A loja funciona no Reciclo, que é também uma casa noturna cuja decoração, do mesmo modo, é feita com materiais reciclados. A venda do material produzido é toda revertida para seus associados.
Neste sentido, ao mesmo tempo em que se incentiva e fomenta a reciclagem e reutilização de materiais, o trabalho desenvolvido pela ASMARE promove a inclusão de várias pessoas no processo produtivo.
Complementando as ações praticadas pelo poder público e organizações não governamentais, parcerias com a iniciativa privada também são realizadas em Belo Horizonte. A conservação de jardins, canteiros, praças, parques, monumentos, prédios, dentre outros são adotadas por empresas e instituições privadas, que se tornam responsáveis pela manutenção e conservação da área adotada.
Em alguns casos há uma pequena redução de impostos cedida pelo poder público, em outros, a iniciativa parte da própria instituição que realiza o trabalho de conservação da área. Não é intenção deste trabalho investigar as reais causas que levam uma instituição a adotar determinadas práticas, e sim, ressaltar as atividades realizadas e sua importância para a comunidade, para o meio ambiente e conseqüentemente para a atividade turística.

4.  Implicação da limpeza urbana na atividade turística de Belo Horizonte

A atividade turística, dada sua complexidade, dinamismo e relação com diversos agentes envolvidos em suas práticas, exige condições mínimas para que ocorra com harmonia e possa se perpetuar nos ambientes onde são desenvolvidas. A paisagem, a salubridade e o cuidado que uma localidade tem com seus atrativos e espaços públicos, propiciam a construção de um imaginário simbólico favorável ao turismo, dentre os quais destacamos a limpeza urbana, fator essencial à sustentabilidade e à permanência da exploração turística no local onde se desenvolve o turismo.
Turismo sustentável
é aquele que só deve ser encorajado na medida em que proporcionar à população hospedeira uma vantagem de ordem econômica, antes de tudo sob a forma de lucros e empregos, que a mesma terá desejado, onde esta vantagem seja de natureza duradoura e não traga prejuízos aos outros aspectos da qualidade de vida.(Krippendorf 1987).
Segundo Swarbrooke (2000), são atores-chave no turismo sustentável, “o setor público, em todos os seus níveis de atuação, a indústria do turismo, organizações do setor voluntário, especialmente grupos de pressão e entidades profissionais, a comunidade local, a mídia e o turista”.
Para alcançar os resultados e objetivos idealizados é necessário planejar. O planejamento
indica a idéia de se fazer algo para que se possa implantar e colher os resultados no futuro. (...) implica, fundamentalmente, a idéia inicial e continuada de um projeto, sobre como ele ocorrerá, e sobre quais os impactos gerados a partir das iniciativas propostas, em termos de resultados concretos. (Hübner, 2004).
As iniciativas precisam estar planejadas de forma a conscientizar e abarcar os diversos agentes envolvidos, buscando a melhoria contínua do bem estar proporcionado por uma eficiente limpeza urbana. No caso dos atrativos turísticos, é importante ressaltar as diversas dimensões do planejamento.
Autores da geografia desenvolveram uma classificação para o planejamento da paisagem (landscape planning), conceito surgido em 1949 na conferência da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais – IUCN. Pires (1993) afirma que especialistas distinguiram escalas de abordagem, utilizando os termos planejamento visual (amenity planning), planejamento local e planejamento de sítio para propriedades pequenas; e planejamento físico e planejamento paisagístico para regiões com forte conotação conservacionista.
Valls (2004) afirma que “Un destino sostenible es aquel que adopta un conjunto de medidas globalizadoras realizables de planificación duradera que se extiende a todas las fases del ciclo de vida e incardina su desarrollo general en el contexto económico, sociocultural y medioambiental”. Dessa forma, já apresenta a questão ambiental como prioritária em sua análise do processo de desenvolvimento sustentável.
No século XX, o conceito de desenvolvimento esteve restrito à dimensão do crescimento econômico, negligenciando as dimensões sociais, culturais e até mesmo ambientais. A ênfase no materialismo foi colocada em primeiro plano, sendo que o âmbito político e social não refletiam a prioridade das ações e do planejamento.
Sachs (1970) sugeriu “uma visão histórica diferenciada, que considerasse a tecnologia, a psicologia e a estética”. Coriolano (2003) também argumenta nessa linha.
os limites do desenvolvimento se justificam pelo vínculo à ciência econômica, quando se sabe que esse conceito deve perpassar todas as ciências sociais. (...) os aspectos das teorias da globalização remetem a novas abordagens do desenvolvimento, quando o turismo passa a ser um elo do local com o global. (...) o desenvolvimento só se dá quando todas as pessoas são beneficiadas, quando atinge a escala humana e o turismo tanto pode se vincular ao crescimento econômico concentrado, como ao desenvolvimento, como ao desenvolvimento social, o chamado desenvolvimento local. (Coriolano, 2003).
Dias (2003) contextualiza desenvolvimento à idéia de progresso, sendo o termo acompanhado de outros para classificar o que se pretende dizer com a utilização do vocábulo. Em geral, “... da primeira metade do século XX até os dias atuais, (...) a palavra desenvolvimento vindo acompanhada de outras que pretendiam qualificar seu grau e sua capacidade de alocação de recursos; assim, colocaram-se as denominações: social, humano, sustentável, responsável etc”.
Percebe-se que a utilização do termo desenvolvimento está cercada de significados diversos, e que a formação do conceito está em construção, sendo ressignificado ao longo do tempo. A transformação do significado de determinado termo compõe às dinâmicas sociais, culturais e históricas, devido ao contexto e à época em que é empregado.
A expressão meio ambiente vem ganhando a cada dia um significado maior. Relacionar o meio ambiente somente às áreas naturais não está incorreto, mas incompleto. A ampliação do significado nos leva a uma reflexão sobre outras dimensões do termo, não somente a natureza intacta. Além do meio ambiente natural, temos o meio modificado, como as edificações e monumentos. Esses espaços, com intervenções humanas, também necessitam de ações de preservação, manutenção e conservação.
Bruhns (2004) afirma que devemos
pensar o meio ambiente como o modo pelo qual os organismos vivos (e aqui incluo os seres humanos) interagem com o conjunto de condições naturais, sociais e culturais, através de influências mútuas estabelecidas entre os mesmos, envolvendo um campo complexo das relações entre a natureza e a sociedade.
Reigota (1998) define meio ambiente como sendo “um lugar determinado ou percebido onde estão em relações dinâmicas e em constante interação os aspectos naturais e sociais. Essas relações acarretam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e políticos de transformação da natureza e da sociedade”.
A questão ambiental e seu impacto podem estar diretamente relacionados à atividade turística. Possuir conhecimento sobre coleta e destinação final de detritos em uma cidade oferece aos interessados dados para um planejamento detalhado, ressaltando a necessidade de se aprimorar conhecimentos técnicos acerca da limpeza urbana, assimilar noções de engenharia civil e sanitária, arquitetura e biologia, já que o lixo necessita de projetos de acondicionamento, transporte e estudos ambientais que os enquadre na base do desenvolvimento sustentável, o qual requer compatibilidade entre os produtores do lixo, os resíduos resultantes da atividade humana e o tratamento que será dado a todo esse material.
O centro da cidade de Belo Horizonte, que tem maior tráfego de pessoas e comércio mais intenso, faz com que a limpeza seja mais sistematizada, devido a maior quantidade de dejetos produzidos. Também por concentrar a rede hoteleira e vários outros meios de hospedagem, o que coloca o turista em contato direto com o dia-a-dia da cidade.
No centro, onde se encontra a maior concentração dos atrativos e serviços turísticos, como teatros, parques, cinemas, shoppings, bares e restaurantes, também é a região de maior fluxo turístico. Esta região abriga ainda a área hospitalar, que requer cuidados especiais na coleta e sua destinação final, tendo em vista seu caráter contagioso.
Um dos principais centros de convenções de Belo Horizonte, o Minas Centro, localiza-se em frente ao Mercado Municipal e outros estabelecimentos comerciais semelhantes. É uma área de grande concentração de detritos orgânicos, o que causa uma imagem ruim ao turista, de sujeira e poluição, embora o mercado seja um dos atrativos turísticos mais visitados, sendo necessário uma limpeza ostensiva.
No que diz respeito ao trabalho feito pelos catadores de papel, este é de suma importância, pois eles reciclam o papel coletado, embora o horário da coleta não seja o ideal. Está sendo realizado no horário de pico, começando por volta das 18h, o que torna o convívio com a população e turistas conflitante. A coleta sendo realizada em horário que não perturbe o trânsito e a população poderia tornar a relação com os visitantes mais harmoniosa.
As regiões periféricas, por serem as entradas da cidade, necessitam de uma coleta sistemática, pois a primeira imagem é guardada pelo turista, principalmente aquele que usa o transporte rodoviário, pois deparam com o problema social aliado à degradação do meio ambiente provocada por despejo de entulhos, esgoto a céu aberto, detritos amontoados em caçambas (que não são recolhidas com regularidade).
Com relação aos parques e praças, é fundamental que se faça o trabalho de coleta não só de detritos como também o controle de poluição ambiental. Nesses locais existem constantemente pessoas apreciando seus atrativos através de fotos, filmagens e outras formas de lazer. Nos parques, o fluxo de crianças é maior, demandando sistema de limpeza especial não só pelos detritos característicos gerados, como também pela necessidade de se evitar o contato dessas crianças com detritos perigosos à saúde.
Quanto aos instrumentos de coleta, faz-se necessária a elaboração de questionários específicos onde o turista poderá dar sua opinião quanto à qualidade da limpeza, não só da área central, como dos parques e praças da cidade. Esses folhetos podem ser deixados nos hotéis, aeroportos e centros de informação turística, além de locais de visitação. Pode-se realizar pesquisas com abordagens diretas, com freqüentadores de maneira geral, colhendo sugestões para melhoria da eficiência da limpeza, com horários, locais de maior necessidade e métodos mais adequados.
Não se pode imaginar o bem social apenas da população residente, mas também dos visitantes, desconhecendo os conceitos sobre limpeza urbana e preservação ambiental. A partir desses instrumentos, pode-se planejar melhor a preservação da cidade como um todo e principalmente do nosso patrimônio histórico e artístico. Uma cidade que não resguarda seus monumentos, suas obras de arte, seus prédios públicos, praças, parques, além de transmitir tal imagem de abandono aos visitantes, oferece um péssimo exemplo aos seus moradores.

5.  Considerações finais

Belo Horizonte já realiza muitas ações eficazes no tratamento dos resíduos que produz, mas acreditamos que melhorias são bem vindas. Além de sugerirmos um melhor aproveitamento dos resíduos urbanos, observamos a possibilidade de transformá-los em produtos turísticos (ex. roupas feitas com materiais recicláveis, exposição artística de obras resultantes da coleta seletiva, além de um possível “museu do lixo”).
Outro ponto fundamental é a criação de uma imagem de cidade “ecologicamente correta”, que só é possível com a combinação de ações práticas com ações sócio-educativas. Algumas já existem, mas é necessário ampliar as campanhas ambientais.
Um aspecto que é muito impactante ao turismo na cidade remete-nos às entradas por vias rodoviárias. As rodovias de acesso à cidade apresentam um critico quadro de pobreza e miséria, com favelas amontoadas às suas margens e muito lixo, entulho, esgoto a céu aberto e outros problemas sociais. Sem dúvida que esta questão merece atenção urgente por parte da população e do poder público, e necessita de uma solução sustentada, mesmo que através de medidas emergenciais. A paisagem de entrada do turista pelas vias rodoviárias não apresenta nenhum “belo horizonte”, e as áreas periféricas necessitam de maior atenção.
O lixo é responsável por gerar estragos como observamos nos períodos de chuva. O entupimento de bueiros dificulta o escoamento das águas de chuva, e ocasionam calamidades. A solução deste problema passa necessariamente por ações educativas, pois não havendo acúmulo de lixo nas ruas e vias públicas melhoram o escoamento e drenagem nos períodos de chuva. O planejamento da coleta às regiões periféricas poderia tornar a cidade mais limpas nas regiões de entrada do turista em Belo Horizonte, sendo também um bom instrumento de promoção da cidade, alem de melhorar a condição de vida dos seus habitantes.
É importante ressaltar também que o lixo polui as águas, ocasionando o surgimento de doenças, como o cólera, a leptospirose, dengue, entre outras, e com a diminuição dos detritos, espera-se conseqüentemente a diminuição das doenças, possibilitando ao morador de Belo Horizonte uma melhoria em sua qualidade de vida, além de fazer com que o turista possua uma maior confiança em visitar a cidade.
A percepção subjetiva dessa confiança pode ser comprovada com o recente caso de New Orleans, nos EUA. O furacão Katrina, que devastou e inundou a cidade, deixando suas ruas literalmente submersas tem provocado forte rejeição por parte dos turistas, e as epidemias se alastram por lá.
A execução de um projeto de melhoria e aperfeiçoamento no planejamento de coleta de detritos em Belo Horizonte e suas áreas periféricas propiciaria ao cidadão residente e ao turista condições sanitárias e higiênicas, promovendo assim, o bem-estar social necessário ao cotidiano urbano de uma grande cidade.
Por fim, conclui-se que é fundamental a preocupação com a questão do lixo por parte dos profissionais envolvidos na atividade turística. Afinal, o lixo passa para os turistas uma imagem ruim da cidade, além de um enorme desconforto. Com a limpeza urbana, além de melhorar a qualidade de vida da população de Belo Horizonte, os turistas terão maior interesse em retornar à cidade, e divulgar a boa imagem do local para outras pessoas, promovendo um aumento do fluxo turístico e novas oportunidades para os envolvidos com a atividade turística.

Referências bibliográficas

BRUHNS, Heloisa Turini. Meio Ambiente. In: GOMES, Christianne Luce (org.). Dicionário Crítico do Lazer. Autêntica, Belo Horizonte, 2004. p.152-158.
CORIOLANO, Luzia Neide M. T.. Os limites do desenvolvimento e do turismo. In: CORIOLANO, Luzia N. M. T. (org.). O turismo de inclusão e o desenvolvimento local. Fortaleza, FUNECE, 2003.
DIAS, Reinaldo. Planejamento do turismo: política e desenvolvimento do turismo no Brasil. São Paulo: Atlas, 2003.
HÜBNER, Daniel Braga. Planejamento. In: GOMES, Christianne Luce (org.). Dicionário Crítico do Lazer. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. p.177-180.
KRIPPENDORF, Jost. The holiday makers: understanding the impact of leisure and travel. Oxford: English edition. Heinemann, 1987.
PIRES, Paulo dos Santos. Procedimentos para análise da paisagem na avaliação de impactos ambientais. In: Maia, 2.ed., PIAB, 1993.
SACHS, I. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 1990.
SWARBROOKE, John. Turismo sustentável: meio ambiente e economia. v. 2. trad. Esther Eva Horovitz. São Paulo: Ed. Aleph, 2000.
VALLS, Josep-Francesc. Gestión de destinos turísticos sostenibles. Barcelona: Edicciones Gestión, 2000, 2004.




[1] Trabalho apresentado ao GT 08“Meio Ambiente, Turismo e Educação” do IV Seminário de Pesquisa em Turismo do MERCOSUL –  Caxias do Sul, 7 e 8 de julho de 2006.
[2] Graduado em Turismo pelo Centro Universitário Newton Paiva – MG; Especialista em Lazer pela UFMG; Mestrando em Turismo e Meio Ambiente pela UNA-MG; Docente do Curso de Turismo e Lazer do CEFET-MG. Contato: danielhubner@gmail.com
[3] Graduado em Administração pela UFSJ; MBA em Gestão Empresarial pela FACED – Divinópolis-MG; Mestrando em Turismo e Meio Ambiente pela UNA-MG. Contato: bruno@teleon.com.br
[4] Lei Orgânica Municipal, de 21 de março de 1990.



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