Poucas coisas me causam mais gastrite do que políticos meteóricos com harmonização facial. Jeffrey Chiquini é a síntese grotesca do nosso tempo: uma versão jurídica de Pablo Marçal, com dentes tão brancos que poderiam servir de iluminação de estádio. De onde veio esse personagem? Ontem um João-ninguém do submundo jurídico, hoje ídolo de hashtags e lives. Cresceu como fungo em ambiente úmido, sem que ninguém saiba explicar quem regou. Chiquini simplesmente apareceu — produto acabado da indústria subterrânea de influenciadores políticos. Sua projeção começou como advogado de Filipe Martins, e não há como negar: tratou o julgamento como palco pessoal. Transformou-se de defensor em protagonista, usando o processo como trampolim midiático. Em poucos meses, virou comentarista de tudo em qualquer veículo, aceitando lives como quem aceita cafezinho. Hoje, já não esconde: quer se eleger a algo em 2026. A carreira relâmpago tem números que dispensam metáforas. Em 2022, tinha pouco mais de 12 mil seguidores. Agora, ostenta 565 mil — um aumento de 4.500%, segundo a consultoria Bites. E quase todo esse público chegou em 2024, depois que cortes de suas falas no STF viralizaram no Instagram, no YouTube e no X. Não foi vitória jurídica, mas marketing digital. Sua aparição ao lado de Deltan Dallagnol foi uma aula de estética publicitária: Deltan com “Fora Moraes”, Chiquini com “Free Bolsonaro”. Dois outdoors ambulantes da Colgate. Harmonia política casando com harmonia facial. Chiquini é a encarnação da política cosmética: importa mais o brilho dos dentes do que a substância das ideias. Mais o ângulo da selfie do que a coerência do discurso. Ninguém sabe de onde veio, ninguém sabe para onde vai — mas todos reconhecem o clarão artificial de seu sorriso. Atualmente, você é um assinante gratuito de Não É Imprensa. Para uma experiência completa, atualize a sua assinatura. |
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sexta-feira, 29 de agosto de 2025
#RepúblicaDaHarmonizaçãoFacial
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