#OsMortosDeMainardiSeu novo livro é um quebra-cabeça documentado, um documentário literário que conta algo sobre todos aqueles que se mantêm vivos no próprio Mainardi.
Já comecei a escrever este texto algumas vezes. Nenhuma das tentativas eram semelhantes entre si, exceto pelo télos que a todas conectava. Essa será minha tentativa final. Se não funcionar agora, não funcionará jamais. Vou juntar um pouco de tudo o que escrevi anteriormente e fazer algo novo. Escrever é fácil, mas este texto tem sido uma tarefa difícil. Não por causa do Mainardi ou de seu livro. É culpa minha, admito. O livro não é o que eu esperava. E saiba como isso é bom! Assine e apoie o NEIM. Faça upgrade para a versão paga Mainardi diz que escreveu um livro sobre seus mortos e usa Tiziano como fio condutor. Discordo dele. Meus Mortos é um quebra-cabeça documentado, um documentário literário que conta algo sobre todos aqueles que se mantêm vivos no próprio Mainardi. Tiziano, por exemplo, nunca foi alvo do meu interesse. Conhecia umas poucas de suas obras, mas meu horizonte de interesse nunca o contemplou. Bom, até começar o livro e ver Tiziano respirando, vivo, produzindo. Diogo não ressuscitou ninguém, ele simplesmente mostrou como todos os seus mortos, de Tiziano, Rubens, Isabel – esposa de Carlos V – até seu pai, mãe e irmão, todos estão vivos, ainda que estejam mortos. Se autorretrato não fosse o subtítulo, a volta – talvez a permanência – dos que não foram seria uma opção. Mainardi me fez pensar sobre os meus próprios mortos. Não cheguei ainda a uma resposta exaustiva, menos ainda satisfatória. Cheguei, no entanto, a alguns possíveis candidatos à minha coleção particular de defuntos. Tolkien facilmente poderia ser meu Tiziano. Van Gogh e Willem van Herp também estão presentes. Chesterton e Eliot também encontram lugar na lista. Infelizmente alguns amigos já entraram nessa lista. Foi justamente nesse momento em que me afastei dos meus mortos heróis e fui de encontro aos meus mortos amigos que percebi: diferentemente dos mortos do Mainardi, os meus morreram e permanecem mortos. Por não dedicar pensamentos suficientes aos meus mortos, acabei por matá-los novamente. Em Meus Mortos não há lição de moral alguma. De fato, as melhores obras não precisam disso. Afinal, a vida não tem lição de moral alguma, tem? Prova maior disso é o “felizes para sempre” de Mainardi ser uma decrépita bunda branca encarando o leitor e rogando para ser a última memória de seus descendentes. Não é, de modo algum, o que eu esperava. No final das contas, essa imagem fez com que eu tivesse uma dificuldade danada pra escrever este texto. O que falar depois da bunda do Mainardi, leitor? Me diga? Eu disse que esse livro não tinha uma lição de moral... Nota do editor: Para ver a bunda do Mainardi é preciso comprar o livro. Aproveite a promoção na Amazon.
________A queda: As memórias de um pai em 424 passos
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