A mistura de um superministro com o Lula Eu tive um professor de história que dizia: numa guerra, não tem ninguém legal. Todo mundo envolvido tem culpa e perde a razão. Os próprios magistrados consideram que a decisão de prender o Bolsonaro foi exagerada, desnecessária e insustentável do ponto de vista jurídico. E quem assinou essa decisão foi Alexandre de Moraes, que é aquele cara que quer tanto salvar a democracia que tá quase matando ela de overdose de autoridade. E aí eu pergunto:
Inclusive prender, censurar e bloquear antes do julgamento? Porque se o remédio for concentrar todos os papéis: juiz, delegado, perito, carcereiro e até a própria tornozeleira… talvez a doença esteja sendo tratada com veneno. E sim, eu sei: o soro antiofídico é feito com veneno de cobra. Mas até o antídoto pode matar, se a dose for alta demais. Não me entenda mal: o bolsonarismo tentou sim aplicar um golpe e precisa responder por isso. É muito negacionismo ignorar as evidências:
Mas veja bem: apesar de todas essas investigações e evidências, não dá pra transformar isso tudo numa justificativa pra ascensão de um superministro com mais poder do que um chefe de Estado. Immanuel Kant, base do pensamento moral moderno, disse:
Ou seja: Se todos justificassem um erro com outro, a gente viveria no caos. A ética não pode ser vingança, ela deve ser um princípio. Alexandre de Moraes não pode ignorar a Constituição sob o pretexto de proteger ela. Nem limitar a liberdade alegando defender ela e nem concentrar poder em nome da ordem. Platão registrou o diálogo em que Críton tenta convencer Sócrates a fugir da prisão, mesmo ele tendo sido condenado injustamente. Sócrates recusa, dizendo o seguinte:
Ele ensina que agir errado para corrigir um erro é desonrar a moral. Partindo desse pressuposto, eu pergunto: A democracia virou aquela criança que precisa ser criada com palmada, castigo e bloqueio na internet? O que diferencia uma democracia de uma ditadura é justamente o limite institucional. É o juiz não agir como parte. É o processo ter contraditório. É o cidadão ter voz. Eu não admiro o Bolsonaro nem pessoalmente, nem politicamente e não acho que ele seja uma boa escolha pra liderar a direita. Ainda assim, eu quero defender o direito do cidadão em poder se colocar da maneira que quiser e sofrer as consequências legais da postura dele. Mas, pra isso, ele precisa ser julgado e ainda não foi. A democracia precisa de vigilância, mas que ela venha da sociedade e da imprensa livre, não de um único homem com superpoderes constitucionais. Não pode haver abuso de autoridade nem mesmo diante de um ataque institucional. Porque quando o poder ultrapassa seus limites, ele deixa de ser defesa e passa a ser ameaça. Caso contrário, a gente corre o risco de ter uma democracia corrompida como em outros países onde instituições foram corroídas sob o pretexto de ordem. Eu não sei você, mas eu só quero viver numa democracia de verdade. Uma que não precise de salvadores: nem de farda e nem de toga. Atualmente, você é um assinante gratuito de Não É Imprensa. Para uma experiência completa, atualize a sua assinatura. |
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quarta-feira, 6 de agosto de 2025
#VozDoPolvo
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