O mesmo estagiário que escreveu O cerco a Xandão escreveu também Vai-e-Vem Magnitsky. Se alguém leu o segundo e concluiu que aqui se está defendendo Moraes, provavelmente não leu o primeiro? Não sei. De qualquer modo, em nenhum dos dois textos há defesa ou ataque de ninguém... só a intenção de tentar organizar o pensamento diante de tanta bagunça. O intuito deste site é ser livre para poder especular todas as possibilidades sem nenhum compromisso ideológico. Às vezes vamos falar coisas que nem todos os leitores concordam ou gostariam de ouvir. A maior parte do cancelamento de assinaturas vem com um recadinho mal educado. A questão não é se vocês, leitores, gostam ou não do que é publicado aqui. Mas se vai fazer alguma diferença para entender melhor a confusão causada pela avalanche de informações a que somos submetidos todos os dias. No caso da Lei Magnitsky, como toda ferramenta poderosa que pode mudar os rumos da política, ela desperta debates sérios no meio diplomático e jurídico internacional. Seu uso não é bem aceito unanimemente muito antes de ouvirmos falar dela. De que modo falar sobre isso significa o mesmo que afirmar que Moraes não merece a sanção? Se o estagiário fosse do UOL, evitaria mencionar que Biden também usou a lei de forma questionável, como a maioria dos sites fazem. Se o estagiário fosse de um canal bolsonarista, esconderia isso dos assinantes para fazer deles seguidores bovinos adestrados a bater palmas para o “eu acabei com a lava jato”, “eu sou centrão sim” e por aí vai. Há uma discussão real e legítima sobre o uso seletivo e estratégico dessa lei, inclusive entre especialistas que não estão nem aí para o Brasil ou para os nossos dilemas. E se essa discussão existe, todos por aqui deveriam saber. Simples assim. O que o STF, o governo e o congresso fazem no Brasil é um vexame indefensável para todos nós. Será que isso ocorre porque sempre estamos dispostos a correr atrás de quem se mostra um grande salvador, um defensor disso e daquilo? Pode ser. Alguém realmente acredita que procurar por essa grande criatura que vai nos redimir fora do Brasil vai melhorar a situação? Reparem: Moraes interferiu na vida de cidadãos norte-americanos e o país tem todo o direito de usar o instrumento legal que quiser para punir quem faz isso. Tudo indica que os americanos deixarão de ser importunados e censurados pelo STF. Rodrigo Constantino, por exemplo, que tem cidadania americana, teve suas redes sociais desbloqueadas 2 dias depois da Magnitsky de Moraes. Depois de mais de 2 anos de suspensão. O fato de Moraes liberar as redes sociais de cidadãos americanos, não implica que ele não vai intensificar a aposta no Brasil. Essa é a questão. Agora, com STF dando sinais de que o tal consenso está indo para o vinagre, ele vai se sentir acuado? E como reagirá? Quem não tem cidadania americana que se lasque. Que ele tenha chegado a esse ponto sem ter um único movimento do Senado, ou do Itamaraty, ou de seus próprios colegas, sem que a população tenha saído às ruas para protestar em massa contra isso - e não a favor de um mentecapto - é um nojo supremo, que, na humilde e desimportante opinião deste que vos fala, suplanta qualquer satisfação em vê-lo punido por uma lei estrangeira. Ver Moraes enfrentando algum tipo de consequência causa sim alívio e é isso que é mais revoltante, pois só mostra o tamanho do nosso fracasso. Talvez seja mais fácil transformar isso num jogo. Dizer “foi bem feito”, “foi pouco”. Mas o próprio site já faz isso, com um belo dedo do meio muito bem direcionado aos pilantras que estão no poder, aos que queriam estar a qualquer custo e aos que lambem as botas de todos eles. Mas para que seja possível levantar o dedo do meio não por adestramento, mas por vontade, precisamos saber o que está acontecendo. Ou não? Se não for assim, será que não vamos continuar errando o alvo, celebrando besteira e ignorando o que realmente importa? Com todo respeito à inteligência dos leitores, este estagiário lê o que pode, de tudo quanto é canto: jornais, revistas, sites, análises locais e internacionais. Não para parecer equilibrado. É para ver se consigo enxergar o noticiário pasteurizado, enviesado ou preguiçoso ao qual estamos acostumados e escrever da forma mais organizada possível para quem quiser ler. E saibam, não digo isso para parecer um jornalista “independente” ou “imparcial”. Primeiro, porque não sou jornalista. Segundo, porque desconfio de quem precisa se declarar imparcial. Parafraseando o livro de Mario Sabino: odeie o estagiário pelos motivos certos. Atualmente, você é um assinante gratuito de Não É Imprensa. Para uma experiência completa, atualize a sua assinatura. |
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segunda-feira, 4 de agosto de 2025
#Vai-E-VemDeUmEstagiário
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