O Apocalipse segundo d. Adair José Guimarães Um bispo de Goiás pediu que Nossa Senhora Aparecida livre o país da fome, da guerra, da doença e… do comunismo. O pacote básico da fé agora vem com tempero ideológico. Pasme: nem foi um pastor evangélico, não. Foi um bispo católico. O curioso é que o comunismo no Brasil é tipo o ET de Varginha: todo mundo jura que existe, mas ninguém nunca viu. Se oração resolvesse, a União Soviética teria caído na primeira Ave-Maria. Mas o bispo não está sozinho. A plateia de 80 mil fiéis aplaudiu como se fosse gol do Goiás Esporte Clube. Aliás, o evento foi no Mané Garrincha... O papo do bispo foi mais torto que as pernas de quem leva o nome do estádio. Esse tipo de pregação só mostra como religião e política sempre foram sócios: lá atrás o rei governava ‘em nome de Deus’, na Idade Média coroavam monarcas com óleo santo, e até generais já misturaram hino com missa. Mas o exagero não é exclusividade da direita. A esquerda também tem seu altar. Onde um fala “livra-nos do comunismo”, o outro fala “cancelai aquele que usou a palavra errada no Twitter em 2012”. A direita vê comunismo até em prato vegano. A esquerda vê opressão até em desenho animado. Um lado reza contra o “perigo vermelho” que nunca chegou, o outro organiza vigília contra piadas que talvez nem fossem piadas. O país tá dividido entre quem acha que vamos virar a Venezuela e quem acha que qualquer desenho da Disney precisa de alerta de gatilho. E se Nossa Senhora realmente quiser nos livrar de algo, talvez devesse começar pelo radicalismo dos dois lados. Porque aí sim seria milagre: um Brasil sem quem veja comunista em tudo e sem quem cancele todo mundo por nada. Enquanto isso, seguimos com a santíssima trindade nacional: polarização, exagero e falta de senso de humor. Boa sorte pra quem ainda acredita em milagre político. Amém. Atualmente, você é um assinante gratuito de Não É Imprensa. Para uma experiência completa, atualize a sua assinatura. |
Total de visualizações de página
segunda-feira, 1 de setembro de 2025
#SaiDeRetroComunismo
Assinar:
Postar comentários (Atom)


Nenhum comentário:
Postar um comentário