“Numa época em que uma noção errada de liberdade, muito divulgada, leva a não contrair vínculos e a quebrar com facilidade os vínculos contraídos, é oportuno recordar que a liberdade é, na sua forma maior, liberdade de nos amarrarmos. É esse o significado de “criar laços”.(Paulo Geraldo)
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A exaltação do amor pela família, por mais interessante que seja, por mais sucesso e adesão que já tenha ou venha a ter, pode contribuir para sobrecarregar a família, mais uma vez, com todo o peso da desestruturação social que o nosso mundo está produzindo. Não resolvemos mais os dramas das pessoas pelo discurso fácil da solução de todos os problemas passarem pela família. É a própria família que precisa ser resgatada e re-significada em seu papel e função social em nossos tempos.
O que a sociedade tem feito, através de suas instituições, é cobrar da família uma responsabilidade que ela sozinha não tem mais como arcar. Por estar fragilizada, envolvida em imensos desafios de convivência, a família reclama de cuidados, zelo e proteção, invertendo-se uma lógica sempre alimentada e projetada por todos.
A revolução industrial gerou nas famílias o primeiro grande impacto na medida em que homens, mulheres e filhos passaram a dedicar-se mais a seu local de trabalho do que a sua própria casa. Com a revolução tecnológica e da eletrônica, substituiu-se a convivência e o diálogo entre os membros de uma família pela escuta passiva do rádio, da televisão e da internet. Hoje, mais do que nunca, vivemos a afirmação de nossas individualidades a partir de um vazio existencial e histórico. Não contam mais a memória, a coletividade, a convivência. Conta agora sermos livres: sem vínculos com nada e com ninguém...
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